CONEXÃO DE UM INTÉRPRETE
Meu
desejo de trazer à luz, a história e minha conexão com os Surdos brasileiros, nasce no momento em
que me vejo enfrentando situações admiravelmente frustrantes ao perceber a não
aceitação do mundo ouvinte, querer estabelecer laços mais estreitos pertinentes
ao mundo do silêncio.
Respiro
fundo e prossigo em uma viajem com destino a lugar nenhum a procura de almas
feridas e marcadas pelo tempo, tempo esse que todos percorrem o mesmo caminho
encoberto de incertezas e que ainda não sei onde devo pisar.
Recomponho-me no tempo e no espaço onde à necessidade de chegar e semear o amor aos corações desalentos e cansados de lutar pela igualdade, me faz cair na tentação de empunhar o que tenho de maior valor em minhas mãos e assim iniciar uma batalha onde os corações sangrentos pulsam pela dignidade em estabelecer uma conexão mais acirrada neste campo de batalha.
Continuo vivenciando o que vem desde os tempos primórdios, a execração pelos Surdos do Brasil, uma comunidade que se restringe aos conceitos ouvintistas a qual eu luto para que a casta classe da sociedade perceba que a hegemonia não deve exercer prioridade na vida dos eficientes que caminham em direção ao objetivo de conquistar a ressurreição dos direitos garantidos por lei.
A
luta por seus direitos e igualdade social vem repercutindo por gerações
procurando compor a forma de desenvolver plenamente seu potencial para que haja
fluidez tanto na comunicação como na liberdade de expressão.
Os Surdos devem remir a oportunidade para mostrar que não se deve confundir sua forma de expressar através de gestos; para se fazer compreender com eximia clareza, os Surdos precisam mostrar que não são pessoas incomunicáveis, mas apenas uma língua diferente, que permite elaborar e organizar seus pensamentos de um modo gestual-visual; Libras – Língua de Sinais Brasileira é uma língua viva e, portanto, ela é cheia de graça e coerência àquilo que se quer fazer compreender.
O
caminho ainda é árduo e se queremos que os Surdos estejam em posição para
conquistar seus direitos, precisamos nos posicionar frente a homens soberbos e
prepotentes, homens terrivelmente orgulhosos que continuam obstruindo a
passagem do velho mundo para uma geração de desbravadores, Surdos não
deficientes, mas inteligentes o suficiente para mudar todo esse conceito de preconceito
por ser, apenas, diferentes.
Escrito por:
Osvaldo Alexandre Gare
02/01/2021